segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Mitos na cozinha III


Olá a todos,

Hoje o Barrigana vem esclarecer mais um mito que influencia a nossa maneira de olhar para o que comemos e como comemos.

Só se deve comer marisco nos meses com “R”

Esta é uma “crença popular” muito antiga e que (depois de uma rápida pesquisa online) faz sentido. Ora vejamos.

Tradicionalmente, o marisco “tem mais saída” nos meses de maior calor (Primavera/Verão), ou seja, Maio, Junho, Julho e Agosto (nenhum deles com “r”). Não há nada melhor do que uma tarde/noite passada numa esplanada à beira mar, enquanto nos refrescamos com umas bebidas fresquinhas e nos empanturramos com deliciosos e variados mariscos. Apesar disto, o perigo pode estar, literalmente, ao “abrir de cada casca” e os culpados são uns organismos microscópicos denominados de dinoflagelados que produzem toxinas nocivas, tanto para o marisco, como para a saúde humana.

Tudo isto está ligado porque estes dinoflagelados fazem parte do grupo do fitoplânton (plâncton marinho) que é um elemento fundamental na cadeia de alimentar de várias espécies marinhas (peixes e crustáceos), de entre elas muitas espécies de marisco. Sendo que entram na cadeia alimentar destas espécies, entram, consequentemente, na nossa cadeia alimentar.

Estes “meninos” (os dinoflagelados) são duros de roer e, ao serem ingeridos, não morrem e vão-se acumulando ao longo da cadeia alimentar (ou seja, acumulam-se no organismo dos animais até este ser apanhado). Para além disto, estas toxinas são também resistentes ao calor, ao ácido (processos culinários) e não apresentam cheiro ou cor diferentes dos que estão em condições para consumir. Conclusão, alguns mariscos podem ser autênticas “bombas” de toxinas.

Por isso, por um lado, o “mito” é verdadeiro porque nos meses sem “R”, o calor é maior provocando, assim o crescimento destas toxinas no plâncton.

Quais as consequências? Paralisia, amnésia, desarranjos digestivos e intestinais, e, em casos extremos, poderá levar à morte. Mas calma! Não fiquem alarmados, apenas em casos em que o sistema imunitário do indivíduo esteja fortemente debilitado, como por exemplo crianças, idosos e pessoas doentes e só algumas “espécies” de dinoflagelados são mortais.

Contudo, não existem toxinas mortais em águas portuguesas e hoje em dia, o risco é diminuído graças à vigilância das autoridades responsáveis, que à mínima ameaça interditam a apanha e comercialização. A isto acresce o facto de muitos dos bivalves e marisco que se encontram à venda nos supermercados são apanhados em meses/épocas permitidas e congelados. Muitas vezes não têm o mesmo sabor, mas vale a pena para não ingerirmos toxinas.    

Assim, por outro lado acho que o “mito” não nos pode afectar pois estamos, parcial ou totalmente protegidos. 

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1 comentário:

  1. Sempre ouvi dizer isso, mas pensei que tinha mais a ver com a época de reprodução ... se calhar são as duas coisas. Obrigada pelas dicas. Linda

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