sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Barrigana na Terceia III - Onde Comer

Olá minha gente,

Não vos vou mentir. Uma das coisas que mais me dá prazer quando faço viagens é comer, provar tudo aquilo que uma cidade tem para nos oferecer.
Basicamente foi isso que também fiz nesta última viagem à Ilha Terceira, por isso mesmo, hoje deixo-vos aqui as minhas sugestões de restaurantes que, na minha opinião, valem a pena visitar na ilha.

Tasca das Tias (Angra do Heroismo)
O dia era de passeio pela cidade, por isso mesmo, o almoço já foi tardio, analisando as várias hipoteses que nos foram sugeridas pelos locais, acabámos por ficar numa "nova tasca" de ambiente acolhedor e decoração "tradicional cool", a Tasca das Tias.  
A refeição incluiu a morcela regional, um pouco diferente das que tenho provado cá no continente, depois as famosas Lapas grelhadas, macias, bem temperadas com a tradiconal massa malagueta, alho e manteiga, literalmente impróprias para cardiacos.
De seguida veio o Bife da Alcatra, um pedaço de carne de vaca tenro recheado de alho e acompanhado de batatas fritas, para finalizar o também tradicional Doce de Vinagre, um doce que de certa forma me fez lembrar os formigos, também ele muito saboroso.  



Cais de Angra (Angra do Heroismo)
Situado mesmo junto à marina de Angra situa-se o Cais de Angra. Com vista privilegiada para a marina e também para o Monte Brasil, a esplanada solarenga (quando o tempo ajuda) convidou-nos a um fantástico almoço de marisco e peixes típicos do arquipélago. 
Começando pelas entradas, não conseguimos resistir (mais uma vez) às famosas Lapas grelhadas com alho, massa malagueta e manteiga, acompanhadas por um também tradicional bolo lêvedo, bem tostado e com manteiga de alho, só de pensar ainda me salivo. Depois os peixes, um Atum braseado com sementes de sésamo e batata doce e filetes de Veja com molho de limão. Ambos muito saborosos e bem confeccionados, tenho que destacar que foi a primeira vez que comi Veja e fiquei maravilhado, o filete desfazia-se na boca e o molho era delicioso. Tudo isto acompanhado por um vinho do arquipélago (queria ter provado um dos vinhos brancos produzidos na ilha mas estava esgotado em toda a ilha, o Magma) Terras de Lava rosé, um vinho muito interessante, que merece ser mais conhecido, assim como muitos outros vinhos de mesa dos Açores.
Para sobremesa uma fantástica Tarte D. Amélia com gelado, um delicioso twist às tradicionais queijadas D. Amélia. Ligeiramente caramelizada por fora e pegajosa por dentro. Como é de esperar era necessário um bom acompanhamento para regar esta sobremesa tão indulgente, um licor de Nêveda, feito à base desta planta da família da menta (Calamintha Baetica) tradicional do Pico.



Restaurante Valadão (Vila Nova)
Cada vez que vou à Terceira, apercebo-me cada vez mais da influência que os imigrantes açorianos na América do norte têm na cultura, na língua e no dia-a-dia das gentes do arquipélago. Como é claro, isto também se reflete na comida. 
Nesta ilha (e talvez em todo o arquipélago) a Galinha frita (fried chicken) é uma "coisa importante", por isso mesmo, fui experimentar uma das casas mais famosas para a comer. Mais conhecido pela "Casa da Galinha", o Restaurante Valadão na Vila Nova, é onde se pode apreciar uma excelente Galinha Frita, bem cozinhada, com um polme super estaladiço (o mais crocante que já provei até hoje), acompanhada pelas habituais batatas fritas. A casa também serve outros pratos (certamente muito bons, imagino) mas acho que ir ao Valadão e não comer galinha frita é quase um pecado (gastronómico, claro).



Ti Chôa (Serreta)
Situado numa antiga casa de habitação, o "Ti Chôa"  é um restaurante típico da ilha que merece a visita. Segundo reza a história (que nos contou a proprietária) naquela casa morava um senhor (um "Tio" como se diz por aquelas bandas) com uma personalidade muito especial, que tinha sido emigrante nos Estado Unidos. Como já vos tinha dito antes, há muitas expressões do inglês (dos Estados Unidos) que passaram para o uso corrente na linguagem dos açorianos (por exemplo: "friza" - freezer - frigorífico; ou "pinotes" - peanuts- amendoins; ou ainda "Vaca Miquelina" - vaccum cleaner - aspirador), daí as pessoas da zona terem chamado ao senhor ("Tio") "Ti Chôa" ("Chôa" - sure - certo), por ter vindo dos States e ser uma expressão muito utilizada por emigrantes açorianos que voltavam do outro lado do Atlântico a falar um português "inglesado", onde empregavam algumas expressões do inglês estadunidense.
Mas passando ao Restaurante. Esta é uma casa de decoração tradicional, onde se destaca o antigo forno a lenha onde, todas as sextas feiras ao jantar, é cozinhado o pão (infelizmente o restaurante estava tão cheio, que só consegui ir sexta ao almoço), o atendimento é muito afável, simpático e descontraído, sempre com um sorriso.
A ementa é repleta de pratos muito tradicionais, como já era de esperar, devo destacar como entrada uma espécie de mix de 3 pratos tradicionais, morcela, torresmos fritos e  carne de porco com molho de fígado, todos eles fantásticos.
De seguida, nada mais, nada menos do que a tão tradicional Alcatra de Vaca, de carne tenra e macia, para sobremesa um apetitoso doce de Maracujá, tudo acompanhado por um vinho tinto do Pico.
Para finalizar e para ajudar a digestão um rennie e um guronsan, que é como quem diz, um licor de amora e uma água ardente regional, como digestivos. Fabuloso.



         
Restaurante Búzius (Porto Martins)
Situado na zona balnear de Porto Martins, junto às piscinas, encontramos o Restaurante Búzius. Uma casa de aspecto típico mas, que ao contrário do que se possa pensar, tem uma ementa baseada em pratos italianos. O ambiente é acolhedor e recomendo que tentem arranjar uma mesa junto à janela com vista privilegiada para as piscinas e para o mar.
Recomendo o Pollo Limone (Frango com Molho de Limão e alcaparras), os Calamari Fradiavolo (Lulas com Molho de Tomate Picante) e um delicioso Fettucini com Mexilhões e Camarão, tudo isto acompanhado por um vinho do Pico, o Frei Gigante Branco.
Para terminar, deixo-vos com uma sobremesa obrigatória, Banana Foster, uma taça com gelado de baunilha com banana salteada e flamejada com licor de banana, impróprio para gulosos. Uma delícia.



Espero que estas sugestões vos ajudem a ter uma fantástica viagem, na próxima vez que forem à Ilha Terceira. 
É verdadeiramente uma ilha cheia de pontos de interesse e de belezas naturais que vale a pena visitar pelo menos uma vez na vida.

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